colhi meu milagre
e o dei
em desmedida
para ti.
apanhei tuas matizes preferidas,
degradê ao inverso
ressonando pelos débeis papéis -
ao passo em que
o barulho do vento deslizava áspero
na madrugada
seca.
ao mesmo tempo em que
são cuspidos os verbos e as aliterações,
violinos tristemente musicados
despejam algo maior que nossos dias
pelas nossas vistas tão arranhadas.
trouxe minha palavra,
glosa veloz,
e a plantei em teu pântano.
soprei minha vida
no barro do teu milagre,
e com ele construí
o débil castelo no qual vivo -
que há de desmoronar
ao mesmo tempo em que
a terra rachará seca e pútrida
no sol
dilatado.
não cuspo mais palavras nem sonoridades,
somente aquele sangue doente, amargo
dos pulmões perfurados com o afã morto
de teu olhar.
adeus à lama
que empesteia teus pés,
que são teus pés,
e que, em breve,
ser-te-á
por
com
ple
to.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário