aceita de mim o meu pior,
pois o que há em mim é redenção.
(talvez meus dedos,
tão gastos,
ajudem-me a delinear
a forma tolhida deste monologar)
dói em ti o melhor?
perfura-te a necessidade
de um amor tal que manifeste completude?
o caminho valseia em flores.
vejo nas pétalas dele
uma textura obscena -
cortesia de minha total entrega:
meu coração numa vitrine,
o melhor de mim
concedendo-te
a paralisia.
minha revelação -
como um desconhecimento imediato
daquilo que até então construi como meu corpo.
não há rumo algum,
quando se dorme os sentidos,
quando faz-se mudo o espectador
perante a urgência de sua voz.
aceita de mim o pior.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 15 de junho de 2009
"O corpo da noite"
o corpo, esta noite,
é o do teu vazio torpor:
acariciado, maltratado
como se fosse o último de todos.
corpo cansado,
este deixa-se ao deleite
e à volúpia das curvas constantes
da perna e do seio da noite.
e o corpo desta noite,
permanece espreitado, mansamente
retardado, envenenado,
vazio e enluteado,
acariciado, impermanente,
guardado por mim.
no corpo da noite,
todo sem órgãos,
caminhava sem sonhos,
hoje caminho sem pés.
é o do teu vazio torpor:
acariciado, maltratado
como se fosse o último de todos.
corpo cansado,
este deixa-se ao deleite
e à volúpia das curvas constantes
da perna e do seio da noite.
e o corpo desta noite,
permanece espreitado, mansamente
retardado, envenenado,
vazio e enluteado,
acariciado, impermanente,
guardado por mim.
no corpo da noite,
todo sem órgãos,
caminhava sem sonhos,
hoje caminho sem pés.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
"Paisagem imaginária VI ou Alvura"
a alvura
é senão confirmação:
totalidade de meus corpos vibráteis,
numa bela confluência correndo pelo meu umbigo,
e desembocando na terra do desconhecido.
... o branco brinca na minha alma,
de ser senão negação.
a alvura é a contradição de minha existência:
confirma-me ou devoro-te?
quanto muito, é uma música inaudível,
mas que vibra grande.
(tantas vezes quanto for preciso para nós)
... a alvura se vive,
e sua música me inunda grandemente:
me vence sempre como a luz que se doa.
é senão confirmação:
totalidade de meus corpos vibráteis,
numa bela confluência correndo pelo meu umbigo,
e desembocando na terra do desconhecido.
... o branco brinca na minha alma,
de ser senão negação.
a alvura é a contradição de minha existência:
confirma-me ou devoro-te?
quanto muito, é uma música inaudível,
mas que vibra grande.
(tantas vezes quanto for preciso para nós)
... a alvura se vive,
e sua música me inunda grandemente:
me vence sempre como a luz que se doa.
"Paisagem imaginária VI ou Parasempre"
a escavação de meu peito
deu-se
às custas
da profecia de encontrar-me
naquilo ao qual circundo.
_________ paralizo-me diante da garoa
mas regozijo ao ver que embora não me achando,
espero que tudo que acontece,
acontece a partir de agora, parasempre.
_________ a arqueologia de meu peito:
forever, flowers
in my hopily soil deflowering
a mountful of bodies of mine
- utmost blood filled with blooming cells -
forever, petals
of my body as dull staring objects towards pleasure
(althought) and it is oficially pleasurable
- only if it is wrapped within the deepest trunks of you -
forever, yours
your body sleeps by the boundaries of yours, totally
producing smells of floral enchantment
- "kissingly, i will bring you every spring" - e. e. commings
deu-se
às custas
da profecia de encontrar-me
naquilo ao qual circundo.
_________ paralizo-me diante da garoa
mas regozijo ao ver que embora não me achando,
espero que tudo que acontece,
acontece a partir de agora, parasempre.
_________ a arqueologia de meu peito:
forever, flowers
in my hopily soil deflowering
a mountful of bodies of mine
- utmost blood filled with blooming cells -
forever, petals
of my body as dull staring objects towards pleasure
(althought) and it is oficially pleasurable
- only if it is wrapped within the deepest trunks of you -
forever, yours
your body sleeps by the boundaries of yours, totally
producing smells of floral enchantment
- "kissingly, i will bring you every spring" - e. e. commings
segunda-feira, 23 de março de 2009
"Paisagem V ou Nirvana ou O vento que se veste"
nasci
para dar adeus.
(para ti, para mim, para ele, para ela)
... e realizá-lo tanto é
que não somente sequência
ao decurso de meu espírito:
é criação de recursos
na reprodução dos meus impulsos,
- pulsos finos, brincos lindos -
para que eu aprenda finamente a viver.
mas nasci para viver
e me perder.
e na perda de mim mesmo
em meio ao desejo de frente
e ao lamento de trás e
em meio ao desejo meu por ti,
que querendo nunca acabar,
finalmente acaba...
... meu adeus é premente àquilo que me recebe,
sumamente se desfaz em microespasmos de glória,
me ajoelho perante a luz
e percebo que meu adeus
foi o vento que, repentinamente,
se vestiu com cores.
para dar adeus.
(para ti, para mim, para ele, para ela)
... e realizá-lo tanto é
que não somente sequência
ao decurso de meu espírito:
é criação de recursos
na reprodução dos meus impulsos,
- pulsos finos, brincos lindos -
para que eu aprenda finamente a viver.
mas nasci para viver
e me perder.
e na perda de mim mesmo
em meio ao desejo de frente
e ao lamento de trás e
em meio ao desejo meu por ti,
que querendo nunca acabar,
finalmente acaba...
... meu adeus é premente àquilo que me recebe,
sumamente se desfaz em microespasmos de glória,
me ajoelho perante a luz
e percebo que meu adeus
foi o vento que, repentinamente,
se vestiu com cores.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
"Paisagem IV ou A noite esclarece"
tu: uma forma de
sim
contendo o
não.
é a tua silhoueta?
jogo de claros e escuros.
... não, não vem de agora
a agonia do escuro, luz apagada.
tão foi de repente.
... talvez porque és a apoteose de mim.
esclarecimento.
... sim, se assim pareço frio,
é porque lido agora,
com a renovação do tu:
posso te chamar de você?
sim
contendo o
não.
é a tua silhoueta?
jogo de claros e escuros.
... não, não vem de agora
a agonia do escuro, luz apagada.
tão foi de repente.
... talvez porque és a apoteose de mim.
esclarecimento.
... sim, se assim pareço frio,
é porque lido agora,
com a renovação do tu:
posso te chamar de você?
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
"Paisagem Imaginaria IV ou Luto iluminado"
____ cedo, amor
o que vejo é um nada:
____________________
e tu, que eras pomba,
arrebentando o meu peito?
______________________
esperei tanto pelo tempo,
engendrado na cruel batida do cigarro,
em que me estreitariam
a capacidade do olhar-te
enquanto carne:
____ e quando pude ver-te fora dela,
resolvi me despedir,
pois tu me nasceste
tão devagar, tão rude
pelo peito
que o deixou aberto,
semi claro.
sinto muito, tua exposição...
não posso lidá-la.
_______________
o que restou do meu peito é
...
a paisagem desolada do seu murmúrio.,
fragmentada, doída, lacunar.
o que vejo é um nada:
____________________
e tu, que eras pomba,
arrebentando o meu peito?
______________________
esperei tanto pelo tempo,
engendrado na cruel batida do cigarro,
em que me estreitariam
a capacidade do olhar-te
enquanto carne:
____ e quando pude ver-te fora dela,
resolvi me despedir,
pois tu me nasceste
tão devagar, tão rude
pelo peito
que o deixou aberto,
semi claro.
sinto muito, tua exposição...
não posso lidá-la.
_______________
o que restou do meu peito é
...
a paisagem desolada do seu murmúrio.,
fragmentada, doída, lacunar.
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