sexta-feira, 22 de agosto de 2008

"Adeus II"

a avó morreu,
o avô morreu,
o horror morreu,
e juntamente deles,
o passado aquele brilhante,
esfuziado,
por aquela dor inefável e proibida.

a mãe morreu,
o pai morreu,
e se comunicam comigo por debaixo da terra,
sussurrando cantigas de amor, proteção e temor
aquelas esfuziantes,
por aquele milagre o qual chamamos vida.

a inocência morreu,
a coragem também,
e levaram com elas meu coração,
enterrando-o num lago terrível,
de pedras negras rodeado,
pois lá sabiam que não poderia tanger,
e portanto, esfuziando, me encanto distante.

assim adiado,
assim fugidio,
assim translúcido,
o dia passa sem adornos nem atrativos,
aqueles seus, que tanto tentávamos,
na tentativa de epifaniar,
cintilante,
aquela distante realidade crua.

a avó morreu, o avô morreu, a mãe morreu, a pai morreu, a inocência e a coragem morreram,
mas a dor também.

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