segunda-feira, 1 de setembro de 2008

"Exploração por detrás do espelho"

olhando ao meu inverso,
e ao teu também,
só fiz ver divisão

entre o que é primórdio
e
entre o que é artifício.

... e passaste a ser
nada, nada mais,
que uma dinâmica
demoníaca

entre o que é superfície
e
entre o que é imanência.

penetrando na tua parte civilizada,
me cortando na lâmina de tudo,
entendi a divisão

entre aquilo que és
e
entre aquilo que tu mostras a mim.

fugindo do fenômeno de ti,
penetrei a fundo naquilo que és,
me enojei contigo
... e te vomitei,
e também em todos os teus símbolos
de superficialidade.

... olhando ao inverso de tudo,
pude sentir a inefável sensação,
de conhecer a coisa desvinculada,
desligada da semântica do desejo,
da vicissitude do sentido.

te conheci, finalmente, em/a ti próprio.

com o punho nu,
estourei o espelho,
meu sangue tingiu teus olhos,
mas não pude me esconder de ti.

o fantasma de ti em ti mesmo me sugou.

e doeu.

o eu de mim, portanto, passou somente a viver na palavra,
como todos assim sempre houveram.

... o que reclamo da amálgama,
a mágoa, a agonia,
do eu de ti ser
como nunca houvesse sido.

este texto é também um avião fugitivo,
clandestino.

... um avião para fora do reino no qual me prendi.

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