quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"Catatonia do poeta"

... por ora,
o poeta está só de si mesmo,
pois sua língua,
e seu objeto,
naquilo que nunca houvera sido,
evanesceram, padeceram
em lágrimas expectantes.

... no momento,
tudo o que o poeta deseja
é, adversamente,
não desejar:
no seu desejo ao contrário,
encontrou a paz finamente bem quista.

estando só em si mesmo,
pôde conhecer parcela sua,
primordial e pulsátil,
a confundi-lo, torturá-lo,
com aquilo jamais feito
e jamais satisfeito.

a parcela-outra,
manifestando-se tesa,
tratou de mostrar-se
corporalidade relutante,
imersa e imensa,
a esconder-se incompleta.

... indiferenciado,
passivo de si mesmo,
seu próprio existir
regressou ao fino estado de ser.

o poeta se fechou para si mesmo,
dentro do espelho.

post scriptum

... e entretanto,
foi naquilo nunca sido
que o poeta encontrou,
por fim, seu estandarte.

post post scriptum

este escrito também poderia se chamar Ecolalia ao inverso ou ainda Ecopraxia de mim mesmo.

ambos me expressam.

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