terça-feira, 30 de dezembro de 2008

"Paisagem II ou Recalque da corpo, recalque da terra"

que me seja privada a capacidade de conhecer toda a terra e assim superar os limites da espacialidade que em mim habita.

... à superação do limite de meu corpo.

(decerto que de enésimas formas ele é uma manifestação de uma espacialidade superior ao microcosmo de minha pele)

a megalomania herética ao princípio que me rege.

vencer a barreira do corpo é quebrá-lo
em tantos pedaços
quanto menos
posso contá
-los.

(de maneira absolutamente incompreensível, sinto minha corporalidade moldada em concordância com a terra)

meu espaço é o decalque da terra.

e
finitamente
vê-la confirma a realidade
a qual se forma
e se prende a mim:
a realidade temida.

vejo a terra como uma imitação de corpo,
que no ato de reconhecimento meu a sua essência,
se confirma e se firma
altiva e irrevogável.

vejo a luz incandescente com a turbidez de meu físico.

ouço o som com o oco de meu peito.

ouço a maciez da ausência de som como continuidade do meu grito no penhasco;
vácuo do coração da terra.

a voz se evanesce e se esvanece.
e me encanto por completo
na complacência e contemplação
do meu sumiço,
cada vez mais determinante
cada vez mais iminente.

que me seja privado o enunciado do corpo, e a anunciação do espaço.

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